segunda-feira, 18 de março de 2013

A violência pela violência no futebol brasileiro



É incrível como a imprensa trata a copa das confederações e a copa do mundo de 2014 apenas partindo do ponto de vista da estrutura dos estádios. 
Não vislumbrei uma única reportagem sobre as polícias no Brasil e seu preparo para receber eventos esportivos dessa magnitude; às vezes esquecemos que isso irá ocorrer daqui a praticamente um ano! Casos isolados como no Rio de Janeiro, com grupos insignificantes de agentes de segurança treinando pouco;  equipamentos, remuneração, efetivo, motivação, linguagem..
Como vamos proporcionar segurança a diferentes grupos de vários países e etnias tão diferentes com seus usos e costumes: judeus, árabes, ingleses, irlandeses? 
Como evitar massacres e situações como as vividas na Bolívia e outras ? 
Essas reflexões precisam ser feitas com urgência.
Um texto interessante que proporciona questionamentos e as conclusões de cada um.


OPINIÃO

A violência pela violência no futebol brasileiro

Torcidas promovem arruaças, assaltos e depredações do patrimônio público sob os benefícios da impunidade e a complacência de dirigentes de clubes, federações e entidades governamentais

Publicado em 27/02/2013, às 18h04

Erilson Oliveira

Lucas Lyra, torcedor do Náutico, foi a vítima mais recente da violência / Foto: JC Imagem

Lucas Lyra, torcedor do Náutico, foi a vítima mais recente da violência

Foto: JC Imagem

Estamos acompanhando, diariamente via imprensa, o desenrolar de uma batalha campal promovida pelas facções organizadas, travestidas de torcedores, Fanáutico e Torcida Jovem. O resultado foi um jovem de 19 anos baleado na nuca, que se encontra em estado grave no hospital. Este fato não é o primeiro, nem será  o último, enquanto a sociedade não se organizar e exigir de uma vez por todas a extinção destas gangues organizadas.

Em todo o Brasil, a barbárie reina dentro e fora dos estádios de futebol. Motivados por estarem em grupos, membros da  Inferno Coral, Fanáutico e Torcida Jovem promovem arruaças, assaltos e depredações do patrimônio público de nosso Estado. É a violência pela violência, sob os benefícios da impunidade e a complacência de dirigentes de clubes, federações e entidades governamentais.

Interesses obscuros garantem a sobrevida dessas organizações criminosas, apesar do Ministério Público orientar por banir dos estádios os bárbaros torcedores. Enquanto isso, os  verdadeiros torcedores se sentem acuados e se afastam cada vez mais dos estádios de futebol. A população fica refém em suas casas nos dias de jogos. Vestir a camisa do clube em  locais públicos se torna perigoso. O “Futebol” agoniza. Sim, estou me referindo à essência do futebol, àquele jogado dentro de campo, de forma limpa, que nos faz apaixonar pela plasticidade das jogadas de um craque. 

O futebol em sua essência é o mais imprevisível e democrático entre todos os esportes. Nem sempre aquele time favorito, que possui melhor elenco, que tem maior poder econômico  é o que ganha uma competição. Outras variáveis como  controle  emocional, influência da torcida, erros de arbitragem, podem mudar completamente o resultado de um jogo e de uma  competição. Além disso, o futebol não exclui seus atletas por características físicas, nem financeiras. Os maiores craques de sua história vieram das camadas pobres da sociedade e se tornaram melhores meramente pela habilidade do trato com a bola e não pelo poderio físico. 

Fora das quatro linhas, no entanto, é só desorganização, incompetência, escândalos envolvendo dirigentes de confederações e federações. É sob esta triste realidade que  o Brasil realizará a Copa de 2014, mostrando sua cara maquiada para o mundo. Depois que a copa  passar poderemos avaliar o seu legado. Quanto ao hexa, se vier, será por conta da  habilidade inata do jogador brasileiro, pois se depender da organização do nosso futebol, o Brasil estará fadado a ser eterno penta-campeão mundial.

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